quarta-feira, 7 de março de 2012

Areia

Caminhar sobre a areia,
sentir, fundir os pés na areia
deixá-la impregnar-nos os passos.
Brincar com a areia, alterar o ritmo dos passos
para a ouvir responder cantando, chiando, sussurando.
Descobrir os cambiantes das dunas, saber cada grão de areia, cada variação da brisa, cada toque de luz. Gozar cada vibração da temperatura, beijar o sol, querer o mar.
Amar.

até...

Quero fechar-me dentro de mim até esgotar as lágrimas
Quero escrever a dor até que o sol me nasça
Até lá, que ninguém me toque
a não ser que me queira realmente saber.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Auto-programação

(repetir em voz alta tantas vezes quantas forem necessárias)

EU SOU

Eu sou feliz
Eu sou saudável
Eu sou produtiva
Eu sou serena
Eu sou amável
Eu sou amada
Eu sou escritora
Eu sou jornalista
Eu sou professora
Eu sou mulher
Eu sou menina
Eu sou mãe
Eu sou filha
Eu sou tia
Eu sou amiga
Eu sou namorada
Eu sou amante
Eu sou reikiana
Eu sou yogi
Eu sou cantora
Eu sou música
Eu sou luz
Eu sou paz
Eu sou linda
Eu sou rica
Eu sou eu
Eu sou feliz
Eu sou feliz
Eu sou feliz

da série "este tipo entrou no meu cérebro e antecipou-se"

"Escrevo, precisamente, para me distrair do amor".



Jorge Luís Borges faria hoje 112 anos

terça-feira, 23 de agosto de 2011

E foi assim que mais uma vez o meu coração se quebrou


Tantas e tantas vezes esta história se repetiu que o pobre já não devia ter por onde se partir mais. A esta hora é só remendos, pensos rápidos e outros mais lentos, compressas, talas, gessos, ligaduras e curativos. E mesmo assim, é sempre a primeira vez. Sem ponta de desconfiómetro parto para cada nova paixão como uma virgem. De peito aberto e alma lavada. Revelando o meu sentir de menina, como se a dor não me tivesse já curtido a pele interior ao longo de eras e eras de desalento.

Os cacos cá dentro insistem em expandir-se, dilatam-se até à garganta. Mais abaixo ocupam a boca do estômago, obstruindo a passagem. Outra vez. Outra vez. Outra vez levantei vôo armada em pássaro sabido quando não passo de uma espécie de pelicano gordo que dos céus só conhece o que viu nos filmes. Outra vez estatelei-me no chão com um impacto proporcional ao entusiasmo insano que me levou às alturas, fazendo do peso excessivo que me prende ao solo impulso elevatório. Outra vez não morri, nem sequer desmaiei. Tal seria demasiado misericordioso por parte da divina providência. Jazo aqui toda eu feita nos pedaços do meu coração. Peso, volume e densidade tão maiores do que eu que não consigo separar o corpo da alma para ajudá-la a soerguer-se sequer.

E não me venham cá dizer eu bem te avisei, pois eu própria o fiz.

domingo, 21 de agosto de 2011

Este diário

que era para ser um diário e que tanto me ajudou no ano passado por esta altura quando me sentia tão só, tão vazia, tão sem qualquer perspectiva... Poderá este diário ajudar-me agora que me sinto exactamente da mesma maneira? Ou mais triste ainda... Serei eu ainda capaz de ter um blog, de usá-lo, fazer dele outra vez instrumento de terapia, medicamento, panaceia, o que for? Qualquer coisa que ajude o tempo a passar e a dor a doer menos. Qualquer coisa que adie a dor para mais daqui a bocado. Que a faça sair mais depressa. Que a transforme. Que a sublime. Tanta saudade que eu tenho de começar a escrever e conseguir que tudo flua. Que as palavras se soltem. Que lavem o meu peito e escorram até que a água saia limpa, cristalina e serena como um rio acabado de nascer.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Voltar a mim

Escrevo! Escrevo.
Abri as comportas, solta-se a torrente. Até quando, não sei, mas que seja eterno enquanto dure...


26/06/2010