domingo, 17 de outubro de 2010

Quando o sonho não quer ser sonho

É tão dificil desistir das pessoas que nos tocaram. Mesmo quando a mente decide, o subconsciente prega-nos vis partidas e trá-no-las de volta como se nunca nos tivessem magoado. Quando em sonhos nos visitam, tudo parece ser possível, o imperdoável passa a ser quase miragem, coisa vaga e já esquecida. E nada mais importa a não ser aquela espécie de regresso ao futuro que só no reino de Morfeu acontece. Depois, enquanto o emergir no aqui e agora se torna inevitável, qual espiral ascendente, a incongruência surge a pouco e pouco como evidente, a realidade desaba como um raio, cruel, implacável. E percebemos que a dor permanece, como se tivesse sido ontem. O peito aperta-se e tudo volta, em catatupa. É tão dificil desistir das pessoas que nos tocaram. Quiséramos que nunca nos tivessem magoado. Quiséramos que tudo fosse como no sonho. Como antes do sonho. Porque mesmo o sonho parece esquecer que é sonho. E atirar-nos bruscamente para o mundo real. Como se nem ele próprio quisesse persistir na ilusão. Como se ele próprio quisesse tornar-se outra coisa que não sonho. Mas ao mesmo tempo tão real que nos persegue dias a fio como se sonho não fosse.

2 comentários:

  1. Podia ter sido só um sonho. Embora os sonhos também doam.

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  2. Se não desistes é porque sabes que valem a pena.
    (E a vida é curta demais...)

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