quarta-feira, 4 de maio de 2011
Voltar a mim
Abri as comportas, solta-se a torrente. Até quando, não sei, mas que seja eterno enquanto dure...
26/06/2010
Afinal o que é que eu quero fazer?
Era uma vez uma menina…
Ou então
No princípio era o verbo. Um verbo interior, tenso, ansiando por saltar cá fora. Preso, doloroso. Um verbo magoado, covarde. Verbo-escondido-com-rabo-de-fora. Mas um verbo ainda assim necessário, urgente.
E um dia, a menina descobriu na internet um admirável mundo novo. Um instrumento, um suporte que lhe permitia – isso só o percebeu mais tarde – ultrapassar uma série de bloqueios instalados há tempo demais. Estranho, não é?
Mais que os cadernos guardados nas gavetas, mais que os papéis, as notas mentais, os ficheiros Word, mais que tudo o que tinha experimentado até então, a blogosfera conseguiu ser, durante algum tempo, o meio, no sentido espiritual do termo. Através dela, conseguiu voltar a escrever. Ou deveria dizer antes: começar a escrever? Escrever de dentro para fora e não o contrário. Escrever sem barreiras, sem medos, expor-se e descobrir que o pudor se desvanecia a pouco e pouco. Mesmo quando as personas do outro lado do ecrã se revelavam e ela própria se dava em troca. Deixando-se ir na correnteza, na bebedeira, sem arrependimentos. Uma espiral de revelações, a libertação, os fantasmas a sair e a acenar, sorridentes. Afinal era só isto? Tanto e tão pouco. Eu. Eu assumindo quem sou, eu para fora e para mim. Eu despertando do sono dos séculos. Eu vindo ao de cima, descobrindo-me, destapando-me. Eu, sim, eu.
Agora, que é como quem diz já
Também sei que a vida, como o mar, funciona por fluxos e refluxos, que nada do que é forçado cresce saudável, que os ritmos devem ser respeitados. Mas receio que a preguiça se aproveite desta sabedoria ancestral. Temo o excesso de estímulos. A minha proverbial dispersão 'salva' pelo misericordioso gongo da hiperactividade. Deixar-me de merdas, é isso que tenho de fazer. O tempo ruge. Sempre. Implacável. O que tem de ser tem muita força e será. Ou não. O que eu tenho de ser tenho de fazer. Eu. Agora. Sem tangas nem autocomplacências. Já.