quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Auto-programação
EU SOU
Eu sou feliz
Eu sou saudável
Eu sou produtiva
Eu sou serena
Eu sou amável
Eu sou amada
Eu sou escritora
Eu sou jornalista
Eu sou professora
Eu sou mulher
Eu sou menina
Eu sou mãe
Eu sou filha
Eu sou tia
Eu sou amiga
Eu sou namorada
Eu sou amante
Eu sou reikiana
Eu sou yogi
Eu sou cantora
Eu sou música
Eu sou luz
Eu sou paz
Eu sou linda
Eu sou rica
Eu sou eu
Eu sou feliz
Eu sou feliz
Eu sou feliz
da série "este tipo entrou no meu cérebro e antecipou-se"
Jorge Luís Borges faria hoje 112 anos
terça-feira, 23 de agosto de 2011
E foi assim que mais uma vez o meu coração se quebrou

Os cacos cá dentro insistem em expandir-se, dilatam-se até à garganta. Mais abaixo ocupam a boca do estômago, obstruindo a passagem. Outra vez. Outra vez. Outra vez levantei vôo armada em pássaro sabido quando não passo de uma espécie de pelicano gordo que dos céus só conhece o que viu nos filmes. Outra vez estatelei-me no chão com um impacto proporcional ao entusiasmo insano que me levou às alturas, fazendo do peso excessivo que me prende ao solo impulso elevatório. Outra vez não morri, nem sequer desmaiei. Tal seria demasiado misericordioso por parte da divina providência. Jazo aqui toda eu feita nos pedaços do meu coração. Peso, volume e densidade tão maiores do que eu que não consigo separar o corpo da alma para ajudá-la a soerguer-se sequer.
E não me venham cá dizer eu bem te avisei, pois eu própria o fiz.
domingo, 21 de agosto de 2011
Este diário
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Voltar a mim
Abri as comportas, solta-se a torrente. Até quando, não sei, mas que seja eterno enquanto dure...
26/06/2010
Afinal o que é que eu quero fazer?
Era uma vez uma menina…
Ou então
No princípio era o verbo. Um verbo interior, tenso, ansiando por saltar cá fora. Preso, doloroso. Um verbo magoado, covarde. Verbo-escondido-com-rabo-de-fora. Mas um verbo ainda assim necessário, urgente.
E um dia, a menina descobriu na internet um admirável mundo novo. Um instrumento, um suporte que lhe permitia – isso só o percebeu mais tarde – ultrapassar uma série de bloqueios instalados há tempo demais. Estranho, não é?
Mais que os cadernos guardados nas gavetas, mais que os papéis, as notas mentais, os ficheiros Word, mais que tudo o que tinha experimentado até então, a blogosfera conseguiu ser, durante algum tempo, o meio, no sentido espiritual do termo. Através dela, conseguiu voltar a escrever. Ou deveria dizer antes: começar a escrever? Escrever de dentro para fora e não o contrário. Escrever sem barreiras, sem medos, expor-se e descobrir que o pudor se desvanecia a pouco e pouco. Mesmo quando as personas do outro lado do ecrã se revelavam e ela própria se dava em troca. Deixando-se ir na correnteza, na bebedeira, sem arrependimentos. Uma espiral de revelações, a libertação, os fantasmas a sair e a acenar, sorridentes. Afinal era só isto? Tanto e tão pouco. Eu. Eu assumindo quem sou, eu para fora e para mim. Eu despertando do sono dos séculos. Eu vindo ao de cima, descobrindo-me, destapando-me. Eu, sim, eu.
Agora, que é como quem diz já
Também sei que a vida, como o mar, funciona por fluxos e refluxos, que nada do que é forçado cresce saudável, que os ritmos devem ser respeitados. Mas receio que a preguiça se aproveite desta sabedoria ancestral. Temo o excesso de estímulos. A minha proverbial dispersão 'salva' pelo misericordioso gongo da hiperactividade. Deixar-me de merdas, é isso que tenho de fazer. O tempo ruge. Sempre. Implacável. O que tem de ser tem muita força e será. Ou não. O que eu tenho de ser tenho de fazer. Eu. Agora. Sem tangas nem autocomplacências. Já.
terça-feira, 26 de abril de 2011
Até já
Eu vou agora deitar-me e esperar. Eu sei que virás. Só não demores muito mais. A minha reserva de sonhos está por um fio.
terça-feira, 19 de abril de 2011
Eu preciso...
Eu perco o sono
Lembrando a cada [verso] teu qualquer bandeira...
terça-feira, 29 de março de 2011
Para que fique claro
Hoje o dia começou escuro e agora está claro. Mas cá dentro não aclarou. Sinto uma opressão no peito. Não sei do que é. Ou sei mas não quero admitir. Não quero escrever que me sinto só. Que me sinto só. Que me sinto só. Que estou farta de me sentir só. Que não quero estar só. Não quero escrever que me dói a solidão. Que me dói.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Um dia...
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Tem dias
Mas o pior são estas noites que não chegam a ser cinzentas, nem negras, muito menos azuis. Noites cor de burro quando foge. Pior que o março marçagão em que de manhã é inverno, mas à tarde verão são estes dias ao contrário que acordam gloriosos e se vão ensombrando sem a gente dar por isso. Não é por razão nenhuma em especial, mas por que a luz faz falta, mais até que o calor. E uma pessoa até pode gramar um janeiro interminável mas dêem-nos ao menos um céu com cor. Uma luz que venha lá de fora e não do interruptor.
Tem dias que uma pessoa devia poder hibernar. E ser como os camelos, armazenar, armazenar, armazenar para depois poder atravessar o deserto e gozar a travessia. Eu devia ser impermeável ao tempo, é o que é.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Janeiro é o mês mais longo do ano

Dias obscuros, tempo triste, sinistro. Tempo de assistir à morte. Morte de gente nova, de gente velha, de gente assim-assim. De gente boa, de gente famosa, de gente assim-assim. A morte, essa, nunca é assim-assim. É sempre cruel, estúpida, inesperada. Mesmo quando surge na sequência de doença prolongada, esse eufemismo absurdo que eu julgava ter caído em desuso mas que ainda ontem ouvi na TV. Morte de heróis ou de monstros. A morte, diz-se, torna-nos todos iguais.
Morre o capitão de abril, morre de morte morrida, de doença prolongada e vejo-o, na peça da TV. Está ali, lado-a-lado com o meu tio, como se ainda cá estivessem, os dois. Ambos descem a avenida de liberdade ao peito e cravo na lapela. Ainda acreditam, parece. Ainda... Mas o capitão foi-se ontem e o meu tio há três anos. Três anos, já... E ele ali descendo a avenida de liberdade ao peito e cravo na lapela. Tão vivo...
Morre o cronista social, morre de morte matada, morte escancarada, dissecada ali, na TV, nos jornais, na internet. Morte sórdida, mentes sórdidas que vomitam podridão, ali, na TV, nos jornais, na internet. O cheiro a morte invade tudo, conspurca o eter, as fibras ópticas, entope os pensamentos, atravessa-se-me na garganta. Morte de acreditar. Os policiais que li são apenas o pálido reflexo da realidade possível.
Morre o artista, morre de morte morrida, de doença prolongada, vejo-o na TV como ontem o abracei, no palco onde cantava e dançava, como ontem me contava a sua vida, me desenhava no livro que era seu. E invade-me a lonjura do que não fiz, do que não disse, dos projectos que pensei mas não realizei, da conversa inacabada - não o são todas? Morre o artista e a arte morre com ele, morre a tela por começar, morrem os livros que não escrevi, os que que não li, o mundo por desbravar.
Morre um desconhecido, morre de morte suicidada. Atirou-se da janela, soube no outro dia. Um pai, um marido, um vizinho, nem o nome lhe cheguei a saber. Abre a janela de manhãzinha, antes de sair para o trabalho. Depois de amanhã será janeiro, o mês mais longo do ano. Os filhos estão de férias, ainda dormem no quarto. Despede-se e sai. Estatela-se no chão, lá em baixo, lá onde os filhos fazem cavalinhos nas suas bicicletas, todos os dias, com os amigos, os filhos dos vizinhos. Contrariado, um polícia entra no elevador, carrega no botão do nono andar. Leva na mão o telemóvel da vítima, vai devolvê-lo à viúva. Vai zangado, que já devia estar de folga. No quarto das crianças um recado do pai: "Quero que saibam que nunca vos esquecerei."
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
E eis que Janeiro começa a tomar conta da minha alma...
Toda a tarde tentei em vão concentrar-me na leitura. O cansaço ganhou a batalha e entregou-me nos braços do deus do(s) son(h)o(s), que logo tratou de me levar com brusquidão por montes e vales deixando-me no corpo e na boca um sabor a ressaca quando acordei, já pela hora do jantar. Atravessada. Cabeça pesada e vaga sensação de gripe sem letra. Como entregarei o trabalho depois de amanhã não sei. Preocupa-me a falta de preocupação que sinto em relação a isto. Sem forças, é como estou.
À noitinha, oiço a história de um americano que passou 30 anos preso, dos 20 aos 50, por violação e mais não sei o quê. Exames de ADN acabam de provar a sua inocência. Fui ver. Era preto.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Estou a cumprir. E a dobrar que é por causa das coisas
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
Resoluções para 2011

Coisas para fazer todos os dias:
Nascer. Sorrir. Amar. Lutar. Escrever. Trabalhar. Sentir. Aprender. Rir. Agradecer. Ouvir a música. Abrir a janela. Respirar fundo. Olhar para o céu.
Coisas para fazer todas as noites:
Deitar. Descansar. Descontrair. Sonhar. Fechar os olhos. Sonhar. Acreditar. Sonhar. Integrar. Sonhar. Viajar. Sonhar. Saber. Ouvir o silêncio.
Coisas para fazer o mais possível:
Sair. Viajar. Ler livros. Namorar. Cantar. Dançar. Reiki. Praticar yoga. Andar de baloiço. Nadar. Mudar. Ir ao cinema. Ver os amigos. Estar com os amigos. Rir com os amigos.
Coisas para fazer sempre que necessário:
Chorar. Gritar. Orar. Reflectir. Parar. Recomeçar. Reconhecer. Perdoar. Esquecer. Retornar. Engolir. Calar.